Dizem que um pouco de esperança não faz mal a ninguém.
Convivo com ela há anos.
Durmo com ela, acordo com ela, ando pelas ruas com ela.
Aonde vou, lá está a esperança de mãos dadas comigo.
Adoeço, envelheço e ela sempre jovem, sorridente e esperançosa.
Mas hoje olhei bem nos seus olhos e me senti cansado.
Entediado mesmo com o seu entusiasmo juvenil.
Acho que preciso achar alguém mais maduro, mais pés no chão.
Estou pensando seriamente na desesperança.
Menos fútil, mais palpável e mais realizável.
Mais para os caras como eu, os fracassados.
Chega de esperança, a muleta dos tolos.