No espelho, espreito meu rosto.
Surrado, com um quê de estrabismo no olho direito.
A pálpebra esquerda caída.
O nariz meio que achatado.
Os lábios queimados pelo cigarro e o álcool.
O olhar vago, sem profundidade, mal chega à lâmina do espelho.
A face: um mapa de trilhos, caminhos e cânions.
Uma marca de nascença na orelha direita.
Um sorriso amarelo no canto da boca.
Meio que um remorso refletido na imagem.
É só o poeta contando as suas cicatrizes.
Como faz todas as manhãs.