No meio da noite o silêncio me incomoda.
Faca afiada cortando os meus pensamentos.
Coloco o travesseiro na cabeça... cantarolo baixinho.
Não adianta, o silêncio abafa os meus ruídos.
A noite avança.
Misturo minha agonia com a nota mais aguda do silêncio.
A orquestra do quarto me enlouquece.
E em silêncio, mergulhado na balbúrdia do silêncio, espero o dia.
Que não há de tardar.
No silêncio alucinante das buzinas dos carros.
No silêncio absoluto das vozes que ganharão as ruas.
No silêncio cansado do bumbo do meu coração.