A loucura me sublima

30
Dez 10

A última manhã do ano se desenha na janela da minha sala.
O arrebol se prenuncia na linha do horizonte do mar.
Meus olhos refletem o início da vermelhidão do mundo.
Sou o mais iluminado dos seres.
Não sei o que fazer com tanta beleza.
É tanta que dói.
A cidade dorme indiferente.
Ninguém se importa mais com arrebóis.
Só os insones de plantão.
E amanhã o ano não será mais o mesmo.
Mas as manhãs continuarão nascendo... as mesmas.
E eu estarei aqui... o mesmo.
E as manhãs jamais nascerão sozinhas.
Serei sempre a testemunha dos seus partos de luz.
E ficarei extasiado todos os dias.
Como se fosse sempre a primeira vez.

Publicado por Antonio Medeiro às 08:12

23
Dez 10

Algo me controla, não sei bem o que é.
É como se existissem 2 anjos conduzindo a minha vida.
O anjo mau, o meu braço direito.
O anjo bom, o meu braço esquerdo.
Passo pelos dias sem cometer nenhum tipo de ato.
Nem mau, nem ruim.
O peso dos anjos equilibra a minha dualidade...
E não passo de um homem insosso, abstrato...
Uma alma amorfa...
Penumbra ao cair da tarde.

Publicado por Antonio Medeiro às 08:32
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16
Dez 10

A minha situação é lamentável.
Não consigo mais pisar na água e sentir a água.
Ficar ao vento e saber do vento.
Olhar o espelho e ver meu rosto.
Não consigo mais entender a vida.
Estou frio.
O meu coração é gelo, o pequeno Himalaia.
Criança abandonada na noite sem fim.
E corro sem rumo para o futuro inexistente.
Tropeço nas pedras do passado, caio...
E a noite é imbatível.
Estou sem saco para qualquer batalha.
Só quero dormir.
E sonhar que estou morto.
Morto com todas as letras.
E não tenho mais compromisso comigo mesmo.
Nem com nenhum canalha desse mundo torto.

Publicado por Antonio Medeiro às 09:13

09
Dez 10

Aqui estou no ancoradouro.
Firmo a vista e olho o horizonte.
Procuro algo, qualquer coisa que me leve mar adentro.
Sou um náufrago da vida, um sobrevivente de mim mesmo.
E busco refúgios perdidos.
Algo como um esquecimento.
Uma ilha invisível.
Um tempo invertido.
Algo como um sonho sem estar dormindo.
Um pequeno desatino.

Publicado por Antonio Medeiro às 09:30

02
Dez 10

E de repente, do nada, estava no lamaçal.
A lama atingiu o pescoço.
E se misturou com a barba.
Tentei murmurar algo, mas engoli a gosma negra.
E grunhi como um porco chafurdando no chiqueiro podre.
Enfiei as unhas nas pedras da parede.
Tentei alcançar a luz acima da cabeça.
As unhas sangraram... deixaram um risco vermelho na dureza da prisão.
Senti faltar o chão.
E me afundei na macia dureza do meu colchão.
E a baba negra escorreu pelo canto da boca.
E a noite me envolveu com sua úmida solidão.

Publicado por Antonio Medeiro às 08:56

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