Da janela do meu apartamento, olho o horizonte e aguardo.
Observo atentamente a minúscula linha que a minha vista alcança.
Não sei o que é, mas sei que alguma coisa de lá virá.
Aguardo um vulto, um sinal ou um Deus que caminhará sobre as águas e virá ao meu encontro.
No momento padeço de real surrealidade.
Posso tanto criar asas e voar pela manhã indiferente ou me afundar no duro concreto da minha sala.
Mas com os olhos sempre na linha do horizonte.
É de lá que virá a ordem para o meu próximo passo, o mapa do meu norte ou a orientação para a minha total falta de rumo.
Os olhos estão fixos, não arredo pé da minha visão infinitamente esperançosa, não abro mão da minha paciente espera, do meu êxtase delirante.
A não ser que alguém feche as cortinas e me acorde para a minha insuportável realidade.
E coloque em minhas mãos a arma para a solução final.