Não há mais tempo pra nada.
Preciso chegar ao meu limite amanhã.
O amanhã é o meu limite.
Depois de amanhã é outra dimensão.
Não pertenço a ela.
Nunca atravessarei a linha que separa o amanhã do depois de amanhã.
As portas do tempo são implacáveis.
As chaves são pesadas, os porteiros não são amáveis.
No meu limite, o amanhã, sobreviverei a mim mesmo.
Me alimentando dos dias de espera e desilusão.
A vida não é complacente com os esperançosos nem com os desiludidos.
Apenas cumpre o seu dever de vida e determina limites.
O meu é o amanhã.
E se lá chegar, dele só sairei carregado pelo vento da eternidade junto com as folhas secas do outono.
Que chegarão aos seus limites naturais e partirão.
Conscientes dos novos rebentos que chegarão no início da primavera.
Já com todas as linhas dos novos limites delineadas.
Inclusive a do novo amanhã.