A loucura me sublima

22
Dez 11

Maravilhado, acordo no colo da estrela cadente.
Assisto admirado ao espetáculo de luzes à sua passagem.
Sinto-me o centro do universo...
O senhor do universo.
Não sabia da existência de Deus.
Sou Deus contemplando a minha obra; o mais belo dela.
Sinto-me pleno, engasgado com tanta beleza.
Cavalgo a minha estrela meteórica.
E me desfaço em chuva de pingentes coloridos...
Lágrimas de cristal, fios de vida.
Aos olhos da minha cria estarrecida.

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 17:33

15
Dez 11

Meu quarto escuro é o meu mundo.
Nele, sou o que eu quero ser.
Nada interfere ou tira a minha atenção de nada.
Às vezes sou rei; outras, ave de grandes asas sobrevoando o céu escuro.
Certas noites, inseto.
Rastejo e entro pelos menores vãos do assoalho e vasculho o mundo insignificante das criaturas quase invisíveis.
Soldado, batalho em guerras que não terminam nunca.
Névoa, flutuo pelo ar pesado da escuridão e a corto com imaginária faca; o sangue do escuro é negro.
Nem meus olhos brilham na noite sem fim; sou inteiro trevas.
Tateio no espaço da minha cegueira algo que não seja abstrato.
Mas nada em meu quarto escuro tem forma ou qualquer substância.
Apenas neurônios se movimentam pelas paredes sombrias.
E não consigo alcançá-los, são apenas descargas elétricas vindas de lugares inacessíveis.
E fazem da minha cabeça a metáfora de um mundo fantástico.
O único lugar em que consegui refúgio para poder sobreviver aos tormentos desses tempos difíceis.

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 18:15

09
Dez 11

Estou desolado.
Sentado na ilha do meu coração deserto, sou náufrago de mim mesmo.
Olha a minha volta, a imensidão não impressiona.
Apenas me pressiona para o fundo da minha cabeça sem fundo.
E não procuro barcos à deriva.
Nem ilhas povoadas de vida.
Não procuro a terra firme da minha razão risível.
Estou apenas só.
E isso não me faz diferente, não me coloca asas nem chumbo nos pés.
Sou apenas um homem agarrado à própria dor.
Sentado dentro dele mesmo, remoendo o que se foi.
Ou, quem sabe, sou só o ator.
Personagem metafórica do ser, o desertor.

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 00:13

01
Dez 11

Quando começou a rebelião dos anjos do bem, eu olhei para dentro de mim mesmo.
Procurei o meu anjo; eu não tinha anjo nenhum dentro de mim.
Apenas uma cicatriz deixada pela alma marcava o meu coração.
Eu era apenas um corpo oco, sem nenhum sinal da moralidade cristã.
Então pensei:
E o meu anjo do mal?
Estará escondido em algum canto do meu corpo com medo da rebelião dos anjos do bem?
Procurei; nada!
Eu também não tinha anjo do mal nenhum habitando o meu corpo.
A rebelião estava nas ruas.
Milhares de anjos do bem carregavam bandeiras falando do fim dos tempos.
Algo deveria ser feito com urgência para purificar as almas enegrecidas pela ganância da humanidade.
Então, pensei comigo:
Se eu não tenho alma nem anjo em meu corpo, por que devo me preocupar com isso?
E consciente de que eu era um ser intocável por qualquer espécie de rebelião de almas e anjos, olhei para a grandeza do universo.
E vi apenas um amontoado de astros misteriosos poluindo o azul tão bonito do infinito.
E os anjos, nas ruas, entoavam os seus  hinos de rebeldia.

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 22:00

Dezembro 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9
10

11
12
13
14
16
17

18
19
20
21
23
24

25
26
27
28
29
30
31


Pesquisar
 
Comentários recentes
Gostei muito do texto! Parabéns!
...''Novamente vou partir à procura da felicidade....
"Tu és pó e ao pó "reverteres" Em verdade é só iss...
Meu amigo, se deixar-mos a vida nos levar, poderem...
Gostei do novo visual do blog... E tenho gostado s...
Posts mais comentados
2 comentários
2 comentários
1 cometário
blogs SAPO
subscrever feeds