A loucura me sublima

23
Fev 12

Não posso dizer que errei... nem que acertei.
Fiz o que devia ser feito.
Você me entende?
Sou ser humano, preciso tomar decisões... e tomei
Não me entenderam?, o problema não é meu.
A vida é minha, vou pagar o preço.
O carrasco acende meu último cigarro... confere a forca.
Meu crime?
Tomei uma decisão.

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 18:01

16
Fev 12

Canto na noite o vazio dos sem coração.
Debruço-me sob a luz das estrelas, e as cordas do lamento entoam a canção dos que perderam a autoestima.
Agarro-me às notas da canção e saio à procura do meu coração ferido.
55 mágoas perfurantes o atravessaram lado a lado.
Informo-me com as damas da noite sobre o seu paradeiro.
Foi visto pela última vez caído na sarjeta dos desiludidos com uma garrafa de 51 nas veias.
Voo trôpego pelas ruas.
E ouço na noite as batidas insensatas do coração etílico.
Apresso-me...
A noite mastiga a dor dos que estão perdidos.

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 18:02

09
Fev 12

No calor da noite, o suor escorre em gotas geladas.
O sono se foi, como todas as noites.
As lembranças, facas enfiadas no coração.
Eu, a solidão, paredes ameaçadoras.
Os velhos pecados afloram, se agarram ao meu remorso.
Sinto-me sufocado.
Carrego pesados pecados desde a infância.
Não há como pagá-los; a maioria prescreveu.
A mim resta remoê-los todas as noites.
São como aves noturnas.
Vêm e sentam-se na janela da minha alma
Ficam me olhando por dentro com ar de reprovação.
São dos mais variados tons de escuro.
E todas as noites, penso a mesma coisa:
Eu não sabia que os pecados tinham cores.
E que é impossível remir as cicatrizes causadas por eles.

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 18:02

02
Fev 12

Há pouco tempo eu era pessoa sem manchas.
Puro como o sol da manhã, puro como a lua que nasce.
E me orgulhava da minha pureza.
Andava pelas ruas exibindo minha pessoa sem manchas, minha pureza de caráter.
E todos ficavam admirados ao ver homem tão ilibado.
Até que naquela manhã manchei com a nódoa da omissão minha pureza sem manchas.
Diante de diversos cidadãos sujos e esfomeados deitados numa praça, pensei:
O que fazer?
A vida é assim mesmo, não posso fazer nada.
Virei as costas, saí com a alma leve destituída de nenhuma culpa.
À noite, dormindo o sono dos puros, ouvi a voz do fantasma da minha pureza perdida em olhos famintos:
Quando o homem começa a mentir para si mesmo é porque está em plena metamorfose.
Ou está adorando Deus ou o Diabo.
Ou mais provável: os dois juntos.
No sono, fechei os olhos; céu e inferno rodopiavam dentro da minha cabeça.
E eu me senti deploravelmente sujo.

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 18:13

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