Corrói-me a alma, a tristeza.
A tristeza das cores que se foram com os anos.
Tudo é triste, nada mais triste.
A tristeza da tarde é quadro de solitária precisão.
Meus olhos, alinhados à tarde, são sombras de brilhos.
A cidade em que piso é plúmbea.
Os homens, pedras cravadas no concreto.
Pincelo palavras nos rostos endurecidos.
Pinto de cinza as delicadezas.
Redesenho o espaço à minha maneira.
Repasso ao todo, com maestria, o meu senso de tristeza.
Dou o meu toque de apatia nas paredes mortas das ruas.
Sou o poeta do caos sem cores.
Dou o último retoque no sol.
Nunca mais há de brilhar.
TõeRoberto