Com os nervos à flor da pele, encaro a noite.
Quanto tempo preciso para implodir?
Um segundo, um dia...
Uma eternidade?
Insone, meu corpo vibra.
Terminações nervosas em curto, a energia pulsa.
O coração salta pela boca.
O pulmão esvazia e não enche.
A alma mostra a aura eletrificada.
O calor do corpo aumenta...
Aumenta...
Estou em chamas.
A implosão ilumina a cidade.
Caio pra dentro...
Os escombros do corpo se espalham pelo quarto.
Os neurônios dormem.

TõeRoberto

Preso ao passado, mastigo o tempo.
O presente anda longe, além do oceano infinito.
Aranha, a solidão dos dias me envolve em suas teias.
Aos pedaços, me consome.
O corpo se desmancha.
Eterno inverno envolve a alma.
Preso ao casulo de gelo, respiro tédio.
Nunca mais o sol.
O balançar das ondas na branca areia.
O sorriso da amada.
Sou propriedade do passado.
O presente é névoa no fundo dos meus olhos.
O tempo é pedra, pedra cristalina.
Machuca ao ser engolido.

TõeRoberto 

Tenho tão pouco tempo!
Uma tarde ou uma noite, nada mais.
Meu último desejo?
Quando sair, apague a luz.
No escuro, sou virtual.
Invisível para o mundo.
Atemporal.
Alma sem corpo.
Imortal.

TõeRoberto

1/2 noite no relógio.
Na rua escura, espero.
A lua é testemunha que eu espero.
Há 6300 dias, todos os dias eu espero.
O cabelo esbranquiçou.
Os olhos turvaram.
As mãos encolheram.
As pernas enfraqueceram.
Só o coração bate forte, enche o silêncio da noite:
TUNC, TUNC, TUNC.
Nenhum passo na rua, nada.
Mas eu espero.
Qualquer dia vai acontecer.
Quando eu der por mim lá vai estar ele.
Com seus olhos profundos e tristes vai me olhar.
Vai sacar a arma, apontar e...
BANG, BANG, BANG.
A vingança se fará.
E eu e ele poderemos descansar em paz.

TõeRoberto