Não sei como aqui cheguei.
À minha frente, a praia se abre como estrada sem rumo.
Engulo os últimos goles do sol da tarde e desenho com o dedo o voo das gaivotas sobrevoando o infinito.
Chuto as ondas esbranquiçadas do mar bravio.
Penso nos últimos dias, nas últimas consequências dos meus atos, nas últimas horas de liberdade.
Logo, estarão aqui; me levarão para o lugar mais escuro do mundo.
Amarrarão-me a mim mesmo e me enviarão para dentro da minha cabeça.
A sentença pelo crime mais hediondo do ser humano:
Desperdiçar a própria vida.
Desencantado, olho a grande e boba vida dançando ao meu lado.
Dou de ombros.
Talvez eu não queira ser o meu próprio prisioneiro e me atire no 1/2 das suas chicotadas inúteis.
No 1/2 da noite, do útero das águas, salta a lua.
Apenas observo...
E fico pensando qual dos caminhos seguir.
TõeRoberto