A loucura me sublima

16
Mar 14

A linha imaginária do horizonte separa o mar do fim do mundo.
Meu olhar avança o horizonte, cai do outro lado da linha.
A noite lá está à espera do dia.
O dia avança rumo ao horizonte como um pássaro entardecido.
E, devagar, silencioso, mágico, enternecido, se esvai.
Desliza pelas minhas retinas, se esvai no arrebol da tarde... cai nos braços da noite.
Não sou mais que um homem assistindo a um dos espetáculos da vida.
Só um homem...
E o mar, o grande e generoso mar, num gesto de humildade, lambe meus pés.
E eu sinto na pele e na alma que só por isso já valeu a pena ter nascido.

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 21:05

01
Dez 11

Quando começou a rebelião dos anjos do bem, eu olhei para dentro de mim mesmo.
Procurei o meu anjo; eu não tinha anjo nenhum dentro de mim.
Apenas uma cicatriz deixada pela alma marcava o meu coração.
Eu era apenas um corpo oco, sem nenhum sinal da moralidade cristã.
Então pensei:
E o meu anjo do mal?
Estará escondido em algum canto do meu corpo com medo da rebelião dos anjos do bem?
Procurei; nada!
Eu também não tinha anjo do mal nenhum habitando o meu corpo.
A rebelião estava nas ruas.
Milhares de anjos do bem carregavam bandeiras falando do fim dos tempos.
Algo deveria ser feito com urgência para purificar as almas enegrecidas pela ganância da humanidade.
Então, pensei comigo:
Se eu não tenho alma nem anjo em meu corpo, por que devo me preocupar com isso?
E consciente de que eu era um ser intocável por qualquer espécie de rebelião de almas e anjos, olhei para a grandeza do universo.
E vi apenas um amontoado de astros misteriosos poluindo o azul tão bonito do infinito.
E os anjos, nas ruas, entoavam os seus  hinos de rebeldia.

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 22:00

09
Jun 11

No momento há uma pequena desordem em minha vida.
Ando pro norte virado pro sul...
Caminho sob a chuva banhado de suor.
Estou 1/2 áspero, 1/2 dado a arranhar as pessoas e a minha própria alma.
Acabei com todas as metáforas que conhecia.
Desço a ladeira de costas para ficar com a impressão que não estou caindo.
Equilibro ovos nas pontas dos dedos para me manter confiável.
E apaguei meu nome de hoje para trás.
Não sou mais nada além de uma ruína.
Um esboço do meu tropeço comigo mesmo.
Um homem que desce ladeiras de costas e equilibra ovos nas pontas dos dedos para suportar a si mesmo.
E agora quero distância de tudo.
Até da possibilidade de reerguer-me do meu holocausto pessoal.
Nem que para isso eu tenha que pular no abismo das almas perdidas.
E de lá nunca mais sair.
Nem para viver a minha antiga vida novamente.

Publicado por Antonio Medeiro às 14:29

23
Dez 10

Algo me controla, não sei bem o que é.
É como se existissem 2 anjos conduzindo a minha vida.
O anjo mau, o meu braço direito.
O anjo bom, o meu braço esquerdo.
Passo pelos dias sem cometer nenhum tipo de ato.
Nem mau, nem ruim.
O peso dos anjos equilibra a minha dualidade...
E não passo de um homem insosso, abstrato...
Uma alma amorfa...
Penumbra ao cair da tarde.

Publicado por Antonio Medeiro às 08:32
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02
Set 10

Alguma coisa se rompeu dentro de mim.
Não sei o que é, só sei que é grande o bastante para causar uma hemorragia existencial.
A alma sangra, o corpo padece de tremores febris.
A represa começa a transbordar.
Alguma coisa vai acontecer.
Não sei o que é, mas não vai ser bonito de se ver.
É só esperar.
Enquanto isso, vou dar uma sacudida na poeira do tempo, encerar as minhas asas, engraxar os meus sapatos, afiar as minhas garras, carregar o meu 38 e...
Esperar, que é só o que eu posso fazer por mim neste momento.

Publicado por Antonio Medeiro às 09:36

22
Jul 10

Quando, no meio de toda a euforia do mundo, puxei a tristeza para dançar ninguém me entendeu.
E rodei, girei, voei, me entreguei de corpo e alma aos braços da requisitada dama.
E todos ficaram perplexos, ninguém entendeu a minha eufórica e alegórica dança com a tristeza.
E eu dançava... dançava...
À minha volta riam, e riam, e riam.
E eu percebi de dentro do olho do furacão os pedaços dos risos girando, girando, girando...
E percebi que os risos eram gritos em forma de lágrimas.
Eram lamentos transformados em dores.
Eram as mentiras de todas as almas em plena euforia existencial.
Eram as metáforas da alegria dos tolos preenchendo o vazio dos desiludidos.
E eu rodava, girava, voava, ria...
E saí de mãos dadas com a tristeza do meio da euforia do mundo.
E fui viver a minha vida com o grande amor de todos os homens.
Em paz!

Publicado por Antonio Medeiro às 11:36

03
Jun 10

Na madrugada insone, luto com a palavra.
A palavra é rebelde.
Ela ruge, grita... esperneia.
Arranha as paredes da minha alma.
Espanca o meu âmago.
Tenta sair, ganhar asas... correr mundo.
Mas está atada ao meu lirismo.
Uma pena!
A minha palavra se achava tão confiante, tão precisa... tão viva!
Mas era apenas uma palavra prisioneira.
Dessas que nunca serão lidas... nem ouvidas.
Uma dessas palavras que fazem parte da minha inquietude.
E não servem para consumo.
Jamais serão entendidas.

Publicado por Antonio Medeiro às 08:46

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