A loucura me sublima

10
Nov 11

Coisas demais para pensar:
Nada, doença, amor, dívidas, angústias, ansiedades... pânico.
E anoto no meu caderno mental as minhas prioridades diárias.
Hoje é dia de pânico.
Devo passar a tarde com a impressão que algo de ruim vai acontecer.
Não comigo, mas algo ruim em si vai acontecer em algum lugar do mundo.
Em alguma cidadezinha, em alguma casa ou rua alguém vai pagar o preço do meu estado de pânico.
O peito se aperta, engulo seco, procuro uma bebida para apaziguar o monstro da culpa.
Mas não adianta.
O pânico, sobriamente, vai tomando minha cabeça sem sobriedade nenhuma... e gelo.
No 1/2 da tarde um homem em pânico sai de casa e caminha pela praia.
A impressão que o mar vai me carregar para o outro lado do horizonte é nítida e real.
A cabeça gira; sozinho e apavorado não sou páreo para a grandeza do mar.
Ele lambe minhas pernas e me sinto envolvido pelos seus braços molhados.
Uma sensação de grito e entranhamento.
Já não sou mais um homem, sou apenas um pânico que amanhã amanhecerá ansiedade...
Ou talvez angústia...
Ou nada.

 

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 19:32

05
Ago 10

Hoje subi na janela do 12º andar da janela do meu apartamento e medi a distância até o chão.
Contei as balas do meu 38.
Afiei as minhas 11 facas com infinita paciência.
Testei a resistência da corda pendurada no gancho da rede.
Liguei o gás por uns segundos e atentei para o seu cheiro silencioso.
Tirei a lâmpada e olhei demoradamente para o soquete ameaçador.
Enchi o tanque com água...
E olhei para a embalagem de veneno para ratos... e nada!
Há anos ensaio com extrema competência a minha incompetência para fugir do mundo.
Mas é impossível!
Sou ansiosamente agoniado com a vida.
Sou angustiadamente apaixonado pela vida.
E gente assim não se mata.
Sai por aí escrevendo poesias, compondo músicas, fazendo todos os tipos de arte, bebendo e fumando como um condenado.
Sai por aí se matando de amor, de tesão por tudo quanto é coisa ruim e boa da vida.
Sai por aí voando, rastejando, andando... morrendo e vivendo aos poucos.
Sai por aí vivendo feito louco como se a vida e a morte fossem as únicas coisas importantes da vida.

Publicado por Antonio Medeiro às 11:27

29
Jul 10

A noite me aperta o pescoço.
A respiração é lenta... curta.
O morcego negro dos solitários voa às cegas pelo quarto.
A medonha noite pinta a parede branca com pinceladas de agonia.
Estou asfixiado.
Movimento os olhos, tento falar... gritar.
Nada!
Nem um grunhido!
Apenas a falta de ar, os pulmões queimando, a angústia...
E um desejo incontrolável de sair pela janela.
Do alto do 12º andar da minha gaiola de concreto.
No ponto mais remoto da cidade adormecida.

Publicado por Antonio Medeiro às 11:32

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