Disseram-me que se eu andasse um pouco mais encontraria o que procuro.
Continuei andando, os pés em carne viva, a alma com longas asas.
"Além, muito além de horizonte intocável", me disseram.
Eu andava, mas o horizonte é uma linha impiedosa que nos diz para ir sempre em frente, não parar nunca, não chegar nunca, não desistir nunca.
Vez em quando tentava balançar as asas da alma para ver se conseguia alçar voo.
Asas demasiadamente longas, pesadas, nenhuma destreza para manipulá-las.
Eu olhava, o horizonte continuava lá, inatingível.
Mas lá está o que procuro; ir sempre em frente, alguma coisa me impulsiona, alguma coisa me manda ir ou morrer.
Descobri que asas só servem para manter a esperança viva.
Não servem para coisas práticas, como me levar para além daquela linha fora dos mapas.
E caminho, o sangue dos pés deixam uma trilha clara para os que vêm atrás de mim à procura do que procuro.
E o que procuro está lá...
Prontinho para ser meu.
Assim que eu pisar do outro lado da linha imaginária do horizonte...
Da minha fantasia enlouquecida.