A loucura me sublima

29
Dez 14

Na madrugada, alguma coisa invade meu coração.
Enfio a cabeça no travesseiro, o coração acelera.
Em pânico, desvio a ansiedade para peitos distantes.
Não adianta.
O suor escorre em cachoeiras.
O dia anda longe.
Fecho os ouvidos, os olhos; congelo todas as sensações.
Sou apenas um homenzinho assustado lutando contra os seus fantasmas.

Antonio Medeiro

Publicado por Antonio Medeiro às 06:13

16
Dez 10

A minha situação é lamentável.
Não consigo mais pisar na água e sentir a água.
Ficar ao vento e saber do vento.
Olhar o espelho e ver meu rosto.
Não consigo mais entender a vida.
Estou frio.
O meu coração é gelo, o pequeno Himalaia.
Criança abandonada na noite sem fim.
E corro sem rumo para o futuro inexistente.
Tropeço nas pedras do passado, caio...
E a noite é imbatível.
Estou sem saco para qualquer batalha.
Só quero dormir.
E sonhar que estou morto.
Morto com todas as letras.
E não tenho mais compromisso comigo mesmo.
Nem com nenhum canalha desse mundo torto.

Publicado por Antonio Medeiro às 09:13

19
Ago 10

Lembro-me como se fosse hoje.
Era uma manhã como outra qualquer.
Escovei os dentes de todas as manhãs.
Levantei-me, tomei o banho de todas as manhãs.
Engoli o café de todas as manhãs.
Olhei pela janela como fazia todas as manhãs.
Depois, caminhei até o meu cofre de aço - sempre mantive um cofre de aço para guardar com segurança tudo o que eu achava importante -, abri a porta do cofre de aço e peguei outro cofrezinho de aço que lá dentro estava.
Tirei a camisa, peguei a faca, abri o peito, arranquei o meu coração e o guardei dentro do cofrezinho de aço.
Coloquei o cofrezinho de aço dentro do cofre de aço, fechei a porta, apaguei da memória a combinação do cofre de aço e saí para o mundo naquela tão distante manhã.
E nunca mais vi o meu coração.
Que bate em algum lugar do mundo.
Longe de todas as patéticas mazelas existenciais.
Em paz!

Publicado por Antonio Medeiro às 09:10

06
Mar 10

No meio da noite o silêncio me incomoda.
Faca afiada cortando os meus pensamentos.
Coloco o travesseiro na cabeça... cantarolo baixinho.
Não adianta, o silêncio abafa os meus ruídos.
A noite avança.
Misturo minha agonia com a nota mais aguda do silêncio.
A orquestra do quarto me enlouquece.
E em silêncio, mergulhado na balbúrdia do silêncio, espero o dia.
Que não há de tardar.
No silêncio alucinante das buzinas dos carros.
No silêncio absoluto das vozes que ganharão as ruas.
No silêncio cansado do bumbo do meu coração.

Publicado por Antonio Medeiro às 10:01

18
Out 09

Uma coisa eu sei:
Eu nunca me entusiasmo com a aparente beleza das coisas.
Primeiro eu as abro e examino as vísceras.
E nunca erro!
Dentro delas, sempre!, sempre!, lá está: o feio.
O feio na sua forma mais feia.
Sempre!
E no meio da feiura do interior das coisas sempre me encontro.
Como um coração que pulsa.
Envenenando a vida com o meu sangue ruim.
E feio!

Publicado por Antonio Medeiro às 10:04
Música: Variada

Fevereiro 2015
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

15
16
17
18
19
20
21

22
23
24
25
26
27
28


Pesquisar
 
Comentários recentes
Gostei muito do texto! Parabéns!
...''Novamente vou partir à procura da felicidade....
"Tu és pó e ao pó "reverteres" Em verdade é só iss...
Meu amigo, se deixar-mos a vida nos levar, poderem...
Gostei do novo visual do blog... E tenho gostado s...
Posts mais comentados
1 cometário
blogs SAPO