A loucura me sublima

23
Mar 12

Não obstante eu negue, o diabo mora em mim.
Por sinal, ótimo inquilino.
Não faz barulho, dorme cedo, é educado e está sempre com o aluguel em dia.
Paga-me o aluguel dando-me aulas sobre a perversidade dos seres humanos.
Às vezes levo-lhe um pedaço de bolo recheado com iniquidades, e ele fica eufórico.
Em troca, ensina-me grandes diabruras, essas com as quais eu infernizo quem cruza o meu caminho.
A cada dia que passa aproxima-se mais de mim.
Percebo em seus olhos a solidão dos que nunca foram amados; nem serão.
Tenho pena do diabo; é um ser que sofre.
Está dividido entra a sua obrigação infernal e o tiquinho de nada do que sobrou em sua memória dos seus tempos de paraíso.
Sinto que é feliz por morar em mim.
Aqui ele encontra ambiente propício para multiplicar a sua doutrina, fazer o seu trabalho em paz.
E sempre conta comigo, seu mais dedicado multiplicador.
E por que não amigo?

TõeRoberto

Publicado por Antonio Medeiro às 23:04

06
Mai 11

Apesar de estar com o saco cheio da vida, ainda continuo por aqui.
E componho na madrugada o hino do anjo caído.
À minha volta, o inferno está em festa.
O diabo, com o diabo no corpo, orquestra o rock anunciando o final dos tempos.
Querubins penetras esmagam furiosamente as cordas das suas harpas.
O rock infernal e o meu hino se misturam em perfeita harmonia pela cidade em chamas.
E estou em estado de graça:
Aberto como uma ferida.
Bêbado sem ter bebido.
Cheio sem ter comido.
Morto sem ter morrido.
Decaído.
E o diabo gosta... e se anima!
O solo da sua guitarra é agora o meu hino.
Está cumprida a minha sina.

Publicado por Antonio Medeiro às 13:27

08
Jul 10

Antes de mais nada, quero dizer:
Não sou o cara certo para o meu papel no mundo.
Penso que deve ter existido centenas de candidatos e...
Aqui estou!
Completamente desprovido de qualidades para o cargo que ocupo.
Eu não sei ser feliz.
Não sou coerente.
Sou um grande idiota.
Não existe um minuto na minha vida que eu concorde com nada.
Não consigo ser um cara equilibrado.
Não amo nem odeio ninguém.
Acho o ser humano um saco.
E, na porrada, tenho que ser tudo isso que não sou.
Por que mereci esse castigo?
Quisera eu não ter nascido como coisa palpável.
Quisera eu viver no limbo entre o ser e o não ser.
E dançar um samba com a mulher invisível.
Ao som da orquestra dos anjos rebeldes.
Na ante-sala do bordel do diabo.
Amém!

Publicado por Antonio Medeiro às 09:58

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