Não obstante eu negue, o diabo mora em mim.
Por sinal, ótimo inquilino.
Não faz barulho, dorme cedo, é educado e está sempre com o aluguel em dia.
Paga-me o aluguel dando-me aulas sobre a perversidade dos seres humanos.
Às vezes levo-lhe um pedaço de bolo recheado com iniquidades, e ele fica eufórico.
Em troca, ensina-me grandes diabruras, essas com as quais eu infernizo quem cruza o meu caminho.
A cada dia que passa aproxima-se mais de mim.
Percebo em seus olhos a solidão dos que nunca foram amados; nem serão.
Tenho pena do diabo; é um ser que sofre.
Está dividido entra a sua obrigação infernal e o tiquinho de nada do que sobrou em sua memória dos seus tempos de paraíso.
Sinto que é feliz por morar em mim.
Aqui ele encontra ambiente propício para multiplicar a sua doutrina, fazer o seu trabalho em paz.
E sempre conta comigo, seu mais dedicado multiplicador.
E por que não amigo?
TõeRoberto