Todos os dias assisto ao nascimento do sol.
Fico ali parado observando o feto sanguíneo que salta do útero do mar.
E sinto na pele os carinhos das suas primeiras raias de luz.
Fecho os olhos e sinto na alma a mágica da vida.
E penso na eternidade dos segundos.
Em quantas vidas vivo no interstício de cada um deles.
Em quantos poemas escrevo mentalmente nas páginas das minúsculas eternidades.
Eu abro os braços e me entrego à sua grandeza.
Pairando sobre mar, sempre soberano, sinto que agradece a minha presença.
E sobe rapidamente para o infinitude do cosmos.
Como um pássaro que ganhou a liberdade.
Pelas mãos do meu olhar.