De repente senti um choque na cabeça.
O ziguezague de um relâmpago saiu pelos meus olhos.
A tontura me tomou repentinamente.
Percebi que alguma coisa rompera entre mim e a vida.
Era como se um fusível do quadro que controla os neurônios tivesse queimado.
1/2 que perdi a coordenação.
A mão não obedeceu.
O coração disparado.
A fala presa na garganta.
As ideias confusas.
Sentado estava, sentado fiquei.
Não ouvi direito o que disseram a meu respeito.
Tentei achar engraçado, sorrir; nada, não tive capacidade nem para mexer um músculo do rosto!
Percebi que já não estava mais no lugar que sempre estivera.
Estava em outro ponto, outro ângulo, outro espaço, numa outra realidade.
À minha volta começaram a circular estranhos, estranhos muito estranhos.
A única coisa que eu ainda sabia era que me chamava Antônio.
O resto, um amontoado de coisas sem nexo, o sentido confuso.
Fiquei ali, no mais absoluto silêncio, naquela estranha estrada.
Depois, senti outro relâmpago saindo pelos meus olhos.
Dessa vez doeu, foi um choque forte e doloroso.
Senti quando a baba escorreu pelo canto da boca.
Senti algo me tocando...
Alguém mencionou o meu nome...
E parece que longe, muito longe ouvi algo parecido com um choro.
Até que a luz se apagou...
E tive a impressão que adormeci.